Continuação … (de IV – mitos e lendas)
UMA DAS QUATRO MARAVILHAS DA ALIMENTAÇÃO: O LEITE
“O leite de cabra suficiente para o teu sustento, para o
sustento da tua casa e subsistência das tuas servas.”
(Provérbios
27: 27)
Os dogmas são como a água estagnada que deve, à sua
natureza, ao facto de ser desapreciada pelas pessoas. O leite e os produtos
lácteos são alimentos de alto valor biológico e as suas propriedades
nutricionais são diferentes em função do tipo de leite ou de lácteo. Para além
dos dados que a ciência nos oferece a este respeito, darei também a minha
versão alquinaturista.
O leite de cabra e de vaca
Nas tabelas extraídas do livro La gran guía de la Composición de los Alimentos, da Editora
Integral, e que constam abaixo, enunciamos as diferenças existentes entre o
leite humano e o leite animal
Judite tinha sido mãe, mas não tinha leite para amamentar
o seu filho. Então veio falar comigo para ver como encaminhar a lactância do
seu bebé. Esta estava preocupada perante o animado debate que há no mundo sobre
a amamentação. É certo que os pediatras resolvem este problema com a preparação
de diferentes leites lactantes para cada idade; já macrobiótica, mantém uma
opinião completamente diferente:
“…Da mesma forma, enquanto o bebé está tomando
leite materno, se lhe agregamos uma
qualidade inadequada de alimento produzido química ou artificialmente,
ou, se lhe dermos leite de vaca ou de cabra, o desenvolvimento para uma
infância humana correta do bebé, será perturbado num grau considerável. Isto
dar-nos-ia uma resposta clara, a muitos casos de deformação ou outros defeitos
congénitos, e uma débil constituição. A felicidade do homem, o que faz e o que
goza nesta vida, depende principalmente do que coma durante esses períodos (7).
(7) O leite humano versus leite vacina: o
leite é uma emulsão de partículas gordas suspendidas num fluido aquoso que
contem proteínas, açúcar (especialmente lactose), e sais inorgânicos. No quadro
seguinte pode-se ver uma comparação entre o leite humano e a vacina”:
(Informação extraída da obra El Libro de la Macrobiótica, El Camino Universal de la Salud y Felicidad de
Michio Kushi, p. 40)
O conhecimento empírico ocupa uma posição privilegiada no
universo das especulações e das teorias, coloca o impulso da experiência no seu
tempo para que as sementes da verdade saiam para a luz; a ação da experiência
empírica atua como um verdadeiro marcador biológico.
A proposta alternativa face à carência de leite materno
por parte dos pediatras e dos macrobióticos é pouco séria e obedece a alguns
interesses comerciais, como é o caso dos preparados de leite fabricados pelas
farmacêuticas e da opinião “enviesada” da realidade por parte da macrobiótica.
Se comparamos os valores nutricionais do leite humano com os do leite animal,
constatamos que existem poucas diferenças, exceto que o leite animal tem mais
proteínas, facto que deveria pender a balança na direção do consumo deste leite.
Sem dúvida, para que um alimento seja nutritivo, primeiro deve metabolizar-se e
passar por um processo de digestão, para que o organismo possa utilizar os seus
princípios imediatos: proteínas, hidratos de carbono, lípidos, vitaminas e
minerais.
A pergunta que podemos colocar é a seguinte: Nós,
humanos, temos enzimas capazes de digerir o leite animal? A resposta é sim!
Porque, caso contrário, o organismo iria rejeitá-lo, tal como o rejeitam
algumas pessoas que sem o saberem têm intolerância à lactose e à caseína
(reação alérgica). Ainda assim, mesmo quando não há rejeição aparente, as
enzimas de um animal no seu leite não são as mesmas que as do homem. A enzima
que intervém no metabolismo das proteínas e das gorduras não manifesta nenhuma
diferença entre as das pessoas e as dos animais.
O problema coloca-se em relação às láctases, visto que
estas enzimas são diferentes no animal e no homem, criando algumas dificuldades
na altura de digerir a lactose (dissacarídeo composto por uma glicose e uma
galactose). Estas dificuldades no momento de digerir o leite têm um marcado
carácter cultural, de costumes e do meio. Devido a isso, por exemplo, um alemão
não digere da mesma forma o leite de vaca que um espanhol do sul. É que a vaca
fez sempre parte do ecossistema europeu com um clima frio e menos
Mediterrânico; é por isso que, ao longo de milhares de anos, as pessoas que
vivem neste clima adaptaram-se melhor ao leite de vaca, dotando-se, assim, de
uma maior capacidade enzimática do que as pessoas do Mediterrâneo onde havia
mais cabras.
Quadro
de capacidade enzimática para a lactose (láctase) do leite de vaca e cabra numa
escala de 1 a 10.
No teor do quadro
exposto, verificamos que o leite de cabra é muito mais nutritivo do que o de
vaca, sobre tudo nos países cálidos.
Os derivados
lácteos
Os derivados lácteos tais
como iogurte, o queijo, o requeijão, natas, etc., ao terem fermentos (fungos),
atuam pela forma da láctase (enzima do jejuno que digere a lactose), facilitam
a digestão nas pessoas adultas. Já nas crianças devem ser incorporados, sem
dúvida, na sua alimentação, conforme a sua idade: iogurte a partir dos três
meses, queijo e nata aos 8, isto devido à concentração de caseína ser muito
maior (proteína do leite) e pelo facto de os bebés terem menos pre-lactase
(enzima pancreática que por ação da tripsina que se converte em E. láctase e
dissocia a proteína da lactose).
O leite de cabra é
a melhor alternativa para o bebé
Historicamente (a vivência de toda a vida), sobretudo nos países mediterrânicos, na falta de
leite materno, os lactantes tomavam leite de cabra. Contudo, nos primeiros
dias, é aconselhável dar ao bebé o leite misturado com um pouco de água para
que, pouco a pouco, aproximadamente em duas semanas, possa passar a tomar o leite
puro. Fora do contexto do leite materno ou do leite animal, é imponderado
querer nutrir um bebé com leite de cereais ou leite de soja; é certo que os
cereais e a soja têm muitas proteínas, mas não o seu leite, visto este ser
pobre em proteínas e vitaminas.
A lenda do muco
Os alimentos de maior valor biológico na natureza são: o
leite e os ovos. Querer prescindir de alguns destes dos alimentos não é um
princípio benéfico. O Sentido sem ser
manipulado (estereotipado) por uma causa externa, é uma predisposição natural,
que se mobilizada, de forma instintiva, para consumir estes alimentos.
Deste modo, não se deve culpar o leite por produzir
mucosidades, ele tem mais a ver com a incompreensão e com o dogma do que com o
conhecimento. Convém recordar aquelas receitas caseiras para o resfriado à base
de um copo de leite com mel, com o qual se experimentava umas certas melhoras,
que se devem a duas causas fundamentais: o mel tem muito potássio e o leite é
rico em cromo, dois minerais que são de grande importância para o funcionamento
dos pulmões.
É certo, que por vezes, ao beber leite pode-se produzir
muco, mas isso é porque o cromo é um elemento reativo e, como tal, vai fazer
com que se manifeste um estado infeccioso que estava em estado latente. Neste
sentido, o leite não só não é o responsável por produzir muco, como também atua
como um indicador de alarme. Se alguém produz muco ao tomar leite, poderá
consultar um alquinaturista para que lhe trate a infeção e então poderá
consumir todo o leite que queira.
OUTROS MILAGRES DA NATUREZA PERSEGUIDOS:
- CHOCOLATE E CAFÉ
Todos os dias, depois de me levantar às três da manhã,
tomo um café, estou até às oito horas preparando estes escritos e as aulas dos
cursos de Alquinatura que dou, depois vou até ao sofá ver as notícias, onde
acabo por passar pelas brasas até às
nove, hora a que me espera o meu amigo “pequeno-almoço”: uma boa taca de leite
de cabra na qual deito açúcar amarelo e, religiosamente, uma colherzita de
cacau puro 100% (marca Valor). Este é acompanhado com bolachas e marmelada
alemãs, pão integral de elaboração caseira feito pela minha mulher e margarina
vegetal de girassol. Seguidamente, espera-me um duche de água quente, morna e,
por fim, fria para estimular os sentidos. Às dez da manhã começa a grande
batalha do dia. Com uma sesta ao depois do almoço, de uma hora, espevito com
outro café e algo feito com massa e com chocolate, terminando pratico Taekwondo
entre as 20h30 e as 22h.
Que seria de mim, com os meus sessenta anos, se me
tirassem o leite, o açúcar amarelo, o café e o cacau?! O meu corpo vegetariano
ressentir-se-ia e os meus pacientes não saberiam onde me encontrar, afetados
dia a dia, eles e eu, pelas estrelas negras que iluminam este mundo e que
sacodem, com as suas caudas de dragão demónios, à direita e à esquerda ,sobre
as pobres criaturas alternativas, as quais, em lugar de corpos e caras
lustrosas, teriam palidez. Mas podem ver que não é bem assim! Nós conseguimos!
As estrelas brancas iluminam-nos diariamente e brindam-nos com a sua armadura e
com o alimento que cai nas terras de Társis.
Há uma voz que me chama,
antes que cante o galo,
há uma voz que me chama,
e eu tomo o meu café
e saio para ver a estrela da manhã
que me dá o meu trabalho.
Autor : MÉDICO
ALQUINATURISTA TZU HANG
Tradução : Luísa
Coelho