Um mês depois
22h44m - Recebo mensagem
E assim, subi a montanha,
que tinha vários montes.
Observei o caminho que percorri,
chorei e lavei a alma
e nesse sentir perdido
me encontrei, enorme,
por dentro e por fora!
E em mim cresceu
uma alma de fé e de abandono.
De sentimento enchi o vale,
Para que reciclasse
A impureza da terra,
para a qual nasci.
Que Deus me conduza
ao meu destino,
que nesta vida não faço, que buscá-lo,
com sede de saber oculto nas verdades
de palavras vazias de sentido,
mas plenas de Alma e Passado.
Um outro caminho,
se vislumbra e me conduzirá a outra etapa,
a outro monte.
Assim me enfrentei a mim,
nesta vida,
em Deus e Demónios arrastada,
em lembranças devastadas
pela vaidade…
“Inicia o caminho”
Nem tentei perguntar nada, pois sei que terá o telefone
desligado.
Nem sempre é fácil organizar o pensamento de maneira a descobrir a forma mais coerente de começar.
Sei, claro, que este é um caminho individual, que tem que
ser empreendido com determinação e, ao mesmo tempo, com temperança. Na minha
imaginação, vejo-o a ser iniciado com a mesma fragilidade vs. determinação que
uma criança tem ao começar a andar; não sabe como fazê-lo, tem medo, mas nada a
poderá deter.
E esta mesma força inata é a força necessária para dar o
primeiro passo no caminho - o do Regresso ao Paraíso.
Não sei como empreendê-lo, mas algo me cresce no peito;
ainda é só uma pequena sensação, que não sei definir.
Um dia, falaste-me de uma inquietude, mas não consegui
entende-la. Disseste-me que esta surgia como se te despertasse dos mortos; como
se o teu coração renascesse e começasse a bater num outro registo.
De entre os males do mundo, renasceste. Foste invadido
pelas ruas, pelos prédios, pelas gentes, pelos rostos, pelos olhares, pelas
dores, até que te tornou impossível respirar, olhar, pensar…
Assim só te restou o SENTIR e esse sentir, trouxe-te
CONSCIÊNCIA, esta inquietude pela mudança e daí a impossibilidade de voltar
atrás.
Agora começo a entender o que me disseste. De facto, esta
(chamar-lhe-ia) sensação, impulsiona-me a continuar; não sei bem para onde ou para
fazer o quê, mas a continuar aquilo que nem sequer comecei….!
Tudo isto é muito estranho!
Apendemos muitas coisa nesta vida. Apendemos a comer, a
beber, a andar, a falar, a vestir, a ler e até a beber vinho para esquecer, já
para não falar nos fármacos e outras drogas e também a jogar e a admirar. Tudo
isto, apreendemos ao longo das nossas vidas. Contudo, não aprendemos a ver, a
olhar para nós, para os outros e para o mundo.
Não vemos literalmente nada!
Pavoneamo-nos, envoltos nos melhores trapos que
conseguimos e olhamo-nos, a nós e ao mundo, a partir do pedestal fétido do
nosso Ego.
Pouco guardamos da nossa ingenuidade, ansiando e
invejando mais e mais (até o sofrimento dos outros por vezes é melhor que o
nosso).
Este é o mundo que se encontra quando aprendemos a
olhar/ver.
Lentamente, dentro de uma alineação crescente, tu próprio
adquiriste este mesmo rosto, perdeste-te de ti próprio e do propósito para o
qual nasceste, ou seja, o de iniciar o Caminho de Regresso a ti mesmo.
Como te disse, começo a entender.
“ Se eu
possuísse algum conhecimento e poder, aconselharia todos a caminharem pela
grande Via.
A única coisa
que receio é a ação.
A grande Via é
direita, mas o povo gosta de caminhar por atalhos.
Quando os
palácios são muito faustosos, os campos não são cultivados e os celeiros ficam
vazios.
Os príncipes
vestem-se de tecidos luxuosos, ostentam espadas afiadas, comem e bebem finas
iguarias e não param de acumular riquezas.
A isto chama-se
mentira e roubo.
Não é este o
caminho do TAO.”
Lao Tzé -Tao Te King LIII
Judit
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