domingo, 3 de março de 2013

COMEÇAR O CAMINHO – II REGRESSO AO PARAÍSO



Um mês depois

22h44m - Recebo mensagem 


E assim, subi a montanha,
que tinha vários montes.
Observei o caminho que percorri,
chorei e lavei a alma
e nesse sentir perdido
me encontrei, enorme,
por dentro e por fora!

E em mim cresceu
uma alma de fé e de abandono.
De sentimento enchi o vale,
Para que reciclasse
A impureza da terra,
para a qual nasci.

Que Deus me conduza
ao meu destino,
que nesta vida não faço, que buscá-lo,
com sede de saber oculto nas verdades
de palavras vazias de sentido,
mas plenas de Alma e Passado.

Um outro caminho,
se vislumbra e me conduzirá a outra etapa,
a outro monte.
Assim me enfrentei a mim,
nesta vida,
em Deus e Demónios arrastada,
em lembranças devastadas
pela vaidade…


Inicia o caminho

Nem tentei perguntar nada, pois sei que terá o telefone desligado.


Nem sempre é fácil organizar o pensamento de maneira a descobrir a forma mais coerente de começar.

Sei, claro, que este é um caminho individual, que tem que ser empreendido com determinação e, ao mesmo tempo, com temperança. Na minha imaginação, vejo-o a ser iniciado com a mesma fragilidade vs. determinação que uma criança tem ao começar a andar; não sabe como fazê-lo, tem medo, mas nada a poderá deter.

E esta mesma força inata é a força necessária para dar o primeiro passo no caminho - o do Regresso ao Paraíso.

Não sei como empreendê-lo, mas algo me cresce no peito; ainda é só uma pequena sensação, que não sei definir.

Um dia, falaste-me de uma inquietude, mas não consegui entende-la. Disseste-me que esta surgia como se te despertasse dos mortos; como se o teu coração renascesse e começasse a bater num outro registo.

De entre os males do mundo, renasceste. Foste invadido pelas ruas, pelos prédios, pelas gentes, pelos rostos, pelos olhares, pelas dores, até que te tornou impossível respirar, olhar, pensar…
Assim só te restou o SENTIR e esse sentir, trouxe-te CONSCIÊNCIA, esta inquietude pela mudança e daí a impossibilidade de voltar atrás.

Agora começo a entender o que me disseste. De facto, esta (chamar-lhe-ia) sensação, impulsiona-me a continuar; não sei bem para onde ou para fazer o quê, mas a continuar aquilo que nem sequer comecei….!


Tudo isto é muito estranho!

Apendemos muitas coisa nesta vida. Apendemos a comer, a beber, a andar, a falar, a vestir, a ler e até a beber vinho para esquecer, já para não falar nos fármacos e outras drogas e também a jogar e a admirar. Tudo isto, apreendemos ao longo das nossas vidas. Contudo, não aprendemos a ver, a olhar para nós, para os outros e para o mundo.

Não vemos literalmente nada!

Pavoneamo-nos, envoltos nos melhores trapos que conseguimos e olhamo-nos, a nós e ao mundo, a partir do pedestal fétido do nosso Ego.


Pouco guardamos da nossa ingenuidade, ansiando e invejando mais e mais (até o sofrimento dos outros por vezes é melhor que o nosso).

Este é o mundo que se encontra quando aprendemos a olhar/ver.

Lentamente, dentro de uma alineação crescente, tu próprio adquiriste este mesmo rosto, perdeste-te de ti próprio e do propósito para o qual nasceste, ou seja, o de iniciar o Caminho de Regresso a ti mesmo.




Como te disse, começo a entender.


“ Se eu possuísse algum conhecimento e poder, aconselharia todos a caminharem pela grande Via.

A única coisa que receio é a ação.

A grande Via é direita, mas o povo gosta de caminhar por atalhos.

Quando os palácios são muito faustosos, os campos não são cultivados e os celeiros ficam vazios.

Os príncipes vestem-se de tecidos luxuosos, ostentam espadas afiadas, comem e bebem finas iguarias e não param de acumular riquezas.

A isto chama-se mentira e roubo.

Não é este o caminho do TAO.”
                                                                               Lao Tzé -Tao Te King LIII
                                                                                                                                                                     
                                                                                                                                                                            Judit


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